quinta-feira, 3 de junho de 2010

ESCLARECIMENTO SOBRE A GREVE DA EDUCAÇÃO

Como membro da diretoria do Sind-Ute – subsede desta cidade, vou relatar através do texto produzido por mim e endossado por todos os professores e professoras com os quais me reuni durante a semana passada, os motivos e circunstâncias que nos levaram a deflagrar a greve em nosso município, em consonância com o comando de greve Estadual. Ressalte-se que a leitura do texto não objetiva convencer ou persuadir ninguém. Esse texto tem por objetivo apenas relatar situações realmente vividas pela categoria e à luz da racionalidade e sem conotação outra que não seja uma política pela Educação de qualidade.

Os ataques covardemente desferidos contra a categoria e o pensamento simplista, quando não tendencioso, de que a greve dos Educadores de Estado é política, forçaram-me a vir aqui para dizer que concordo sim, que não só essa greve como todas as outras que foram deflagradas e outras futuras, serão políticas. Afinal, o termo política incorpora acepções que vão muito além das questões partidárias a que aludiram o jornalista, Thiago Moreira, e outras pessoas. Os Mestres deste rico Estado esperaram, por questão de educação, confiança neste governo e respeito ao prazo (31/12/2009) que a Lei do Piso determinou para a implantação do piso a partir deste ano, mas não foi o que aconteceu. O fato de a greve ter sido declarada ilegal não quer dizer, em momento algum, que não seja justa e muito menos seja partidária. O governo do Aécio/Anastasia teve tempo suficiente (mais de dois anos) para fazer uma reestruturação na carreira do magistério, propiciando, assim, por mérito dos Mestres e obrigação legal, não só um salário digno, como também, escolas com estruturas físicas adequadas e estruturas didático-pedagógicas para assegurar a boa qualidade no processo ensino-aprendizagem. E não o fez porque não quis, não achou relevante nem essencial fazê-lo, só viu a sua essencialidade, na hora de entrar com recurso para tornar a greve ilegal, mesmo que o item Educação não conste como serviço essencial na Carta Magna. A luta dos Mestres é justa e merece respeito, visto que se faz necessária para melhoria do ensino no nosso Estado, cujo governo paga hoje um dos piores salários do Brasil, mesmo estando entre as três maiores economias da nação.

Digo mais: venho acompanhando em todos os jornais notícias que me interessam. São vários temas, mas um, obviamente, desperta a minha atenção: desvio de verba da Educação. Tema com reportagens recorrentes e pelo Brasil afora, e muito me admira que até hoje ninguém tenha sido preso por isso. Depois somos obrigados a escutar que “quando um aluno é reprovado, é sinal que o professor falhou”.

Nunca ouvi um grande entendido em educação dizendo que a Câmara falhou, prefeito (a) falhou, secretário (a) de educação falhou, o Ministério Público falhou, a justiça falhou… São todos insuspeitos defensores da educação para todos. Então, caros jornalista e pessoas que o acompanham, recomendo que ao falar para essa classe sofrida, que o faça com cautela, respeito e responsabilidade, procurando, inclusive, conhecer as duas redes públicas - Estadual e Municipal - que temos em nossa cidade e fazer um paralelo entre elas. Assim, verão que têm sido levianos e covardes nos ataques, pois a rede Municipal, mesmo não atendendo como deveria, ganha da do Estado e, de longe, quando o assunto é compromisso com a Educação de qualidade, além de o contracheque municipal, que também e apesar de não contemplar o piso, superar, e muito, o do Estado, embora a verba seja proveniente do mesmo caixa, ou seja, o FUNDEB.

Vale ressaltar ainda, que a revista Carta Capital já deu informação de desvios de verba, há vários meses, e só agora, no corrente mês, foi confirmado pelo MEC e, com especial atenção ao desvio maior, oriundo do Estado de São Paulo –cerca de 700 milhões - e ninguém deu a menor importância. Por coincidência, os três principais estados acusados de sonegação eram Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. E para finalizar, diferente do que você, caro jornalista, disse, a Coordenadora do Sind-Ute, Beatriz Cerqueira, em momento algum, chamou o deputado Mauri Torres para uma negociação. Afinal, isso se não é, deveria ser obrigação dele como parlamentar e, em especial, como líder do governo no Legislativo, visto que ele votou contra todas as emendas que melhorariam o projeto imoral e desrespeitoso do qual o Governador forçou a aprovação naquela casa. Acredito que esse momento para ele, Mauri Torres, seja de reparo pelo crasso erro que cometeu ao rejeitar emendas de relevância que, com certeza, tornaria o projeto original mais democrático e condizente para uma classe que não tem mais a quem recorrer.


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